quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Nada além do necessário, é necessário na vida.

Nada além do necessário
É necessário na vida.

Quem pega um peixe graúdo
Pra família alimentar
Deve devolver ao mar
O peixe novo e miúdo
A rede que arrasta tudo
Deve ser apreendida
E no rio, proibida
Da nascente ao estuário
Nada além do necessário
É necessário na vida.

(Gregório Filomeno Menezes)



Não precisa no Natal
Pegar dinheiro emprestado
E deixar tudo empenhado
Numa ceia especial
Para sair no jornal
Sua foto colorida
Se a imagem refletida
No fundo diz o contrário
Nada além do necessário
É necessário na vida.

(Wellington Vicente)

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O Santa Boêmia



  

O Santa Boêmia-
    
Grupo criado por Armando Lôbo, atuou no cenário artístico pernambucano de 1992 a 1997, participando ativamente do processo de renovação da música pernambucana nos anos 1990.

Em 1993, lotou um antigo cabaré no Recife Antigo, para uma apresentação que ajudou a deflagrar o processo de revalorização do bairro histórico. Nesse mesmo ano, participou do "Projeto Seis e Meia", realizando show de abertura para espetáculo de Cauby Peixoto, e do evento "Natal Sem Fome", ao lado de Alceu Valença, Chico Buarque, Paulinho da Viola e outras bandas pernambucanas.

    No ano seguinte, gravou o clipe "Ciroula" para o carnaval pernambucano, sucesso na programação carnavalesca da TV Jornal do Comercio. Também em 1994, excursionou pelo eixo Rio-São Paulo e foi convidado para fazer o show da "Proclamação da República Independente do Recife Antigo", primeiro evento oficial do projeto de restauração e revitalização do bairro mais antigo da capital pernambucana. Ainda nesse ano, inaugurou a nova Rua do Bom Jesus (antiga Rua dos Judeus), a convite da Prefeitura de Recife. 

    Em 1995, excursionou pelo Nordeste e foi convidado para fazer o show de comemoração do centenário do poeta pernambucano Ascenso Ferreira.

    Produziu e dirigiu, em 1996, um documentário sobre sua música, para veiculação em emissoras locais, e lançou o clipe "A Moda" na programação da MTV, vindo a dissolver-se ao final do ano.

Seus componentes-

Armando Lôbo, René Bensoussan, Igor Medeiros, Júlio Epifany,  Rodrigo Montenegro,  Ademir Mima, Alípio Carvalho Neto, Germerson Neto,  Jorge Augusto










segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Bois que a seca mata.



Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!

(Mote de Geraldo Amâncio)

Semelhante ao cenário de pós-guerra…
Urubus revoando a região
Muitos corpos espalhados pelo chão
Tem rês morta da planície até a serra.
Retirante na estrada ainda erra
Com dois palmos de água numa lata,
Pra comer não sobrou nem a batata
Do umbu que morreu sobre o lajedo.
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!

Eis o quadro da seca nordestina:
A peitica agourando, bem distante,
Gavião dá um grito e um rasante
Pra cumprir sua missão que é a rapina.
A novena sob a luz da lamparina
Vem pedir solução imediata
E as rezas da boca da beata
Fazem coro com os versos do aedo.
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!

Glosas: Wellington Vicente
Porto Velho, 09/09/2013

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A casa da rabeca

A Casa da Rabeca 
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Em 21 de abril de 2002, realizando um sonho do mestre Salustiano, foi fundada a Casa da Rabeca do Brasil na cidade Tabajara, em Olinda, um espaço dedicado à preservação da cultura e tradição do Estado. No início, era apenas uma tenda coberta de palhas de coqueiros, coincidentemente a árvore símbolo de Olinda. Funcionava aos domingos e recebia familiares, sanfoneiros, rabequeiros, zabumbeiros, pandeiristas, triangueiros, emboladores de coco, mestres de maracatu, cavalo marinho, cirandeiros e os amigos da Zona da Mata Norte de Pernambuco.
_ Hoje, o espaço é um reduto de artistas populares, com apresentações de forró de rabeca, encontros de cavalo marinho e maracatus, entre outras manifestações do povo. Grandes nomes da nossa música já passaram pelo seu palco, entre eles Santanna, Alcymar Monteiro, Geraldinho Lins, Antonio Carlos Nóbrega, Nadia Maia, Cristina Amaral, Petrúcio Amorim, Mazinho de Arcoverde, Irah Caldeira, Lia de Itamaracá, Território Nordestino, Genival Lacerda e Sirano & Sirino. 


O Mestre Salustiano 

_ Mestre Salustiano ou Mestre Salu, como é carinhosamente chamado, nasceu em Aliança, Zona da Mata de Pernambuco, ex-cortador de cana de açúcar, filho do grande rabequeiro João Salustiano, onde há cinqüenta anos, dedica-se intensamente à cultura do seu lugar. Começou menino a brincar Maracatu e Cavalo Marinho, e hoje é considerado “Doutor e patrimônio vivo da cultura popular de Pernambuco”. Além de ter recebido em Brasília, a Comenda do Mérito Cultural Brasileiro. Tudo isso se justifica pelo trabalho consistente de preservação e divulgação de manifestações tradicionais. Comandando a “Casa da Rabeca do Brasil, Espaço Ilumiara Zumbi e o Maracatu Piaba de Ouro”. Mestre Salu forma novas gerações com o “Cavalo Marinho, Forró Pé-de-serra, Maracatu, Ciranda, Coco de Roda, Caboclinho, dedicando-se também a confecção de Rabecas.”. Considerado um dos melhores rabequeiros do País, Mestre Salu inspirou artistas como: Antonio Nóbrega, Chico Science Nação Zumbi e Grupo Mestre Ambrósio. O brincante Mestre Salu, na sua carreira artística gravou vários CDs com alguns sucessos conhecidos como: “Sonho da Rabeca, Família Salustiano e as Três Gerações e Cavalo Marinho. Tendo viajado pelas capitais brasileiras, e países como: Cuba, Estados Unidos e França. Um novo espetáculo chamado Mestre Salu e a Rabeca Encantada vêm com repertório inédito, Mestre Salú se inspira no Forró Pé-de-serra, Maracatu de Baque Virado, toadas de Cavalo Marinho e pela primeira vez varias participações especiais: Petrúcio Amorim, Nádia Maia, Ed Carlos, Cezinha do Acordeon e Jerimum de Olinda. 

    Imagens
Mestre_Salustiano_05

Mestre_Salustiano_03

A Casa da Rabeca (1)
A Casa da Rabeca (9)

Localização


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Reisado



Reisado é uma dança popular profano-religiosa, de origem portuguesa, com que se festeja a véspera e o Dia de Reis. No período de 24 de dezembro a 6 de janeiro, um grupo formado por músicoscantores e dançarinos vão de porta em porta anunciando a chegada do Messias e fazendo louvações aos donos das casas por onde passam e dançam. Reisado também é muito conhecido como Folia de Reis.
O Reisado é de origem portuguesa e instalou-se em Sergipe no período colonial. Atualmente, é dançado em qualquer época do ano, os temas de seu enredo, variam de acordo com o local e a época em que são encenados, podem ser: amorguerrareligião entre outros.
O Reisado se compõe de várias partes e tem diversos personagens como o rei, o mestre, contramestre, figuras e moleques. Os instrumentos que acompanham o grupo são violãosanfona,ganzázabumbatriângulo e pandeiro.

Origens- Na tradição católica, a passagem bíblica em que Jesus foi visitado por reis magos, converteu-se na tradicional visitação feita pelos três "Reis Magos", denominados Melchior, Baltasar e Gaspar, os quais passaram a ser referenciados como santos a partir do século VIII(8). Em pesquisa literária, feita por Pergo, levantou-se que a tradição da “Folia de Reis” chegou ao Brasil por intermédio dos portugueses, ainda no período da colonização. Essa manifestação cultural era realizada em toda a Península Ibérica e era comum a ocorrência de doação e recebimento de presentes enquanto eram entoados cantos e danças nas residências da época. Baseado nessa argumentação, a Folia de Reis teria vindo ao Brasil no século XVI, cerca do ano de 1534, trazido pelos Jesuítas, e servindo como um instrumento na catequização dos índios e, posteriormente, dos negros escravos.1

Fixado o nascimento de Jesus Cristo a 25 de dezembro, adotou-se a data da visitação dos Reis Magos como sendo o dia 6 de janeiro que, em alguns países de origem latina, especialmente aqueles cuja cultura tem origem espanhola, passou a ser a mais importante data comemorativa católica, mais importante, inclusive, que o próprio Natal. No estado do Rio de Janeiro, os grupos realizam folias até o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião e padroeiro do Estado.
Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos "Santos Reis" e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos, 6 de janeiro. Trata-se de uma tradição originária de Espanhola que ganhou força especialmente no século XIXe mantém-se viva em muitas regiões do país, sobretudo nas pequenas cidades dos estados de São PauloMinas GeraisBahiaEspírito SantoParanáRio de JaneiroGoiás, dentre outros.
Na cidade de Muqui, sul do Espírito Santo, acontece desde 1950 o Encontro Nacional de Folia de Reis, que reúne cerca de 90 grupos de Folias do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. É o maior e mais antigo encontro de Folias de Reis do país. O evento é organizado pela Secretaria de Cultura do Município e tem data móvel.

Salvador - Bahia

Salvador, terra onde a religiosidade transborda seja através do candomblé ou do catolicismo não poderia faltar no calendário a Festa de Reis que acontece no bairro da Lapinha. Iniciada por um tríduo preparatório, a festa tem o seu ápice no dia 5 de janeiro quando ocorre o desfile dos Ternos de Reis que vêm de diversos locais da cidade. Devidamente armados com fantasias e instrumentos, fazendo representações dos Reis Magos e outras personagens através de música, dança e versos, os ternos encantam a população que enche o Largo da Lapinha e seus arredores. Um dos ternos mais tradicionais é o Rosa Menina que vem do bairro de Pernambués. Fundado em 1945, o terno Rosa Menina é hoje o mais antigo da cidade, tendo a frente Seo Silvano, um dos seus fundadores. A missa principal, celebrada em geral pelo Arcebispo da cidade, acontece na Igreja da Lapinha onde é possível admirar um maravilhoso presépio em tamanho natural. Complementando a festa não poderiam faltar as barracas de comidas, bebidas e jogos que dão o tom profano.


O "Terno" de Reis ou "Folia" de Reis-
                                                                       

No Brasil a visitação das casas, que dura do final de dezembro até o dia de Reis, é feita por grupos organizados, muitos dos quais motivados por propósitos sociais e filantrópicos. Cada grupo, chamado em alguns lugares de Folia de Reis, em outros Terno de Reis, é composto por músicos tocando instrumentos, em sua maioria de confecção caseira e artesanal, como tamboresreco-recoflauta e rabeca (espécie de violino rústico), além da tradicional viola caipira e do acordeão, também conhecida em certas regiões como sanfona, gaita ou pé-de-bode.
Além dos músicos instrumentistas e cantores, o grupo muitas vezes se compõe também de dançarinos, palhaços e outras figuras folclóricas devidamente caracterizadas segundo as lendas e tradições locais. Todos se organizam sob a liderança do Mestre da Folia e seguem com reverência os passos da bandeira, cumprindo rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.
As canções são sempre sobre temas religiosos, com exceção daquelas tocadas nas tradicionais paradas para jantares, almoços ou repouso dos foliões, onde acontecem animadas festas com cantorias e danças típicas regionais, como catira, moda de viola e cateretê. Contudo ao contrário dos Reis da tradição, o propósito da folia não é o de levar presentes mas de recebê-los do dono da casa para finalidades filantrópicas, exceto, obviamente, as fartas mesas dos jantares e as bebidas que são oferecidas aos foliões.

Grupos incrementados-

Uma das formas de sobrevivência da manifestação folclórica, especialmente nas grandes cidades, foi a incorporação nos Ternos de elementos figurativos, com a finalidade de promover apresentações para turistas e para os próprios habitantes.Trazendo alegria para todos.


Integrantes-




  • três reis magos: participantes que personificam os reis que visitaram o Menino Jesus, quando ele nasceu: Baltasar, Melquior e Gaspar.
  • palhaços: Geralmente dois ou três, que fazem o papel de dançarinos do grupo. Eles tem o costume de se chamar de irmãos e possuem obrigações e proibições específicas (como jamais dançar diante da Bandeira). Eles realizam acrobacias usando um bastão, vestem-se com máscaras, portam um apito com o qual marcam a chegada e a partida da Bandeira. Durante as exibições dos palhaços, os espectadores atiram moedas ao chão, em frente a eles para homenageá-los. Eles, então, alegram-se e brincam entre si, empurrando as moedas com o bastão para que o outro palhaço as colete, aproveitam para instigar o público a jogar mais dinheiro, que eles colocam em sacolas para coleta desses donativos;
  • coro: É constituído geralmente por seis pessoas que são, ao mesmo tempo, cantores e instrumentistas o número, todavia, varia de entre as regiões. Cada membro do coro tem sua função.
  • mestre ou embaixador: é o principal personagem da folia, ou ainda chefe da folia, porque ele organiza a logística do grupo, o trajeto, horários e os instrumentos, e é o responsável improvisar os versos cantados nas residências. Cabe aos mestres a responsabilidade de manter viva a tradição e se encarregar da transmissão oral dele, como lembra Luís da Câmara Cascudo.2
  • bandeireiro ou alferes da bandeira: Tem a função de carregar a bandeira do grupo respeitosamente. Ela é apresentada ao chefe da residência onde a folia passa para receberem os donativos oferecidos pelas famílias.
A Bandeira, chamada de “Doutrina”, é feita de pano brilhante. Nela é colada uma estampa dos Reis Magos. Constitui o elemento sagrado da Companhia e assim é tratada: beijam-na respeitosamente os moradores das casas visitadas, é passada com muita fé sobre as camas da residência e nunca pode ser colocada num lugar menos digno. Esse respeito perdura durante o ano todo, mesmo passada a época de Reis: na casa onde fica guardada, há orações periódicas diante dela. No universo cultural de nosso povo, a Bandeira é a representação dos três Reis; por isso, explicam os Mestres, ela deve ir sempre à frente pelos representantes dos pastores que seguiram os Reis Magos. PORTO, 1982, p. 19
  • festeiro: Figura importante pois é, geralmente, de sua residência que os foliões fazem a “tirada da bandeira” e também para onde é feito o retorno ao final do “giro”. Às vezes é utilizada a casa do Mestre para a saída e chegada da banderia ou alguma pessoa, que por motivo de promessa mantem as despesas da folia.
É importante destacar que nas folias não existe a participação feminina conforme indica Porto: Os Reis Magos não trouxeram consigo suas esposas; se os foliões levassem mulher na folia, estariam deturpando o sentido da representação; também, dizem outros, nenhuma mulher visitou o presépio de Jesus; admitir mulher entre os foliões, como participante, seria desviar o sentido da dramatização.

Canções-


Em algumas regiões as canções de Reis são por vezes ininteligíveis, dado o caos sonoro produzido. Isto ocorre quase sempre porque o ritmo ganhou, ao longo do tempo, contornos de origens africanas com fortes batidas e com um clímax de entonação vocal. Contudo, um componente permanece imutável: a canção de chegada, onde o líder (ou Capitão) pede permissão ao dono da casa para entrar, e a canção da despedida, onde a Folia agradece as doações e a acolhida, e se despede.

No Sul de Minas um grupo de Folia de Reis é composto da Bandeira ou Estandarte que é decorado com figuras alusivas ao menino Jesus, ou mesmo com palavras relativas à data. Outro componente importante é o Bastião que se veste de modo característico, mascarado e sempre porta uma espada, este tem a função de folião propriamente dito, levando alegria por onde a folia passa, e como que abrindo caminho para a passagem da Folia que de certa forma representa os próprios Reis Magos. O Bastião tem também a função de citar textos bíblicos e recitar poesias alusivas. Na sequência o grupo de vozes se organiza em Mestre, Ajudante, Contrato, Tipe, Retipe, Contratipe, Tala, ou Finório. Na verdade esses nomes se referem a uma organização das vozes em tons e contratons, durante a cantoria, o que leva a formação de um coro muito agradável aos ouvidos. O Mestre, por sua vez, tem papel especial de iniciar o canto, que é feito em versos e de improviso, agradecendo os donativos da casa visitada. Os outros componentes então repetem os versos, cada qual em sua voz, na cadência definida pelo Mestre, acompanhados pelos instrumentos que tocam.